quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quero-me aí!

Sinto-me eclodir
por entre a chuva que me alastra as entranhas,
por entre o vento que irrompe
na essência do meu querer,
por entre as nuvens fugidias e pressurosas
que me perseguem.

Quero-me, percorrer de vida
na ombreira da vida que me espreita
âmago frenético de um pulsar
que se impõe na rotina acomodada
da luxúria desavinda de sonhos estrangulados,
semeados ao acaso em canteiros desguarnecidos.

Quero-me, onde o sol se enamorou de raízes germinadas
seduzidas de pó de lua, pincelando flores brotadas
Quero-me aí!

Emersa na palavra
adormecida e rasgada
por onde trespassa
o perfume dos dias furtados ao tempo.
nas horas que brincam gritando no vento
no prazo que agita a chuva e a lua,
no instante,
no momento
de quem rouba ao tempo,
o enfeite crispado
de um dia ao poente
na esperança acordado.

Quero-me aí!

Dalila Moura Baião
in: Amar em Chão de Mar - Edição Temas Originais, 2010

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